Por Que Pequenas e Médias Empresas Devem Investir no Mercado Financeiro: Uma Estratégia Essencial para 2025

Em um cenário econômico marcado pela taxa Selic em 15% ao ano - o maior patamar em quase duas décadas - e crescentes incertezas fiscais e políticas, diretores financeiros de pequenas e médias empresas (PMEs) brasileiras enfrentam desafios sem precedentes na gestão de recursos corporativos. Paradoxalmente, este mesmo ambiente de alta volatilidade e juros elevados apresenta oportunidades únicas para empresas que adotam uma abordagem estratégica e bem assessorada aos investimentos no mercado financeiro.
A questão não é mais se as PMEs devem investir no mercado financeiro, mas como fazê-lo de forma inteligente e alinhada aos objetivos corporativos. Dados recentes indicam que empresas de segmentos fora do mercado financeiro já reconheceram essa necessidade, aplicando recursos em investimentos financeiros para diversificar fontes de renda, proteger capital e obter retorno sobre caixa ocioso [1]. Esta tendência reflete uma mudança fundamental na gestão financeira corporativa, onde a simples manutenção de recursos em contas correntes ou aplicações tradicionais já não atende às demandas de um ambiente econômico complexo e dinâmico.
O Novo Paradigma da Gestão Financeira Corporativa
A gestão financeira corporativa tradicional, baseada principalmente em fluxo de caixa operacional e financiamentos bancários convencionais, está sendo desafiada por uma realidade econômica que exige maior sofisticação e diversificação. As PMEs brasileiras, que representam mais de 99% das empresas do país e são responsáveis por aproximadamente 30% do PIB nacional, encontram-se em uma encruzilhada estratégica onde decisões financeiras podem determinar não apenas a sobrevivência, mas a capacidade de crescimento e competitividade a longo prazo.
A Evolução do Ambiente Econômico Brasileiro
O Brasil de 2025 apresenta um cenário econômico caracterizado por múltiplas pressões e oportunidades simultâneas. A taxa básica de juros, estabelecida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) em 15% ao ano, representa não apenas um desafio para o acesso ao crédito tradicional, mas também uma oportunidade sem precedentes para investimentos em renda fixa [2][3]. Esta dualidade exige uma abordagem mais nuançada à gestão financeira, onde a simples dicotomia entre "investir ou não investir" é substituída por estratégias sofisticadas de alocação de ativos.
As incertezas fiscais e a instabilidade política, embora representem riscos evidentes, também criam oportunidades para empresas que conseguem navegar efetivamente neste ambiente complexo. A volatilidade dos mercados, frequentemente vista como um obstáculo, pode ser transformada em vantagem competitiva através de estratégias de investimento bem estruturadas e assessoria especializada [4].
O Custo de Oportunidade da Inação
Uma das considerações mais importantes para diretores financeiros de PMEs é o custo de oportunidade associado à manutenção de recursos em aplicações tradicionais ou contas correntes. Com a inflação pressionando custos operacionais e a Selic oferecendo retornos reais significativos em investimentos de renda fixa, a decisão de não investir no mercado financeiro representa, em si, uma decisão de investimento - uma decisão de aceitar retornos subótimos e exposição desnecessária à erosão inflacionária.
O conceito de "dinheiro parado" ganha nova dimensão em um ambiente de juros altos. Recursos mantidos em contas correntes ou aplicações de baixa remuneração não apenas deixam de gerar retornos adequados, mas também representam uma perda real de poder de compra quando consideramos o impacto inflacionário sobre os custos operacionais da empresa. Esta realidade torna imperativa a adoção de estratégias mais sofisticadas de gestão de tesouraria corporativa.
Argumentos Fundamentais para Investimento no Mercado Financeiro
1. Diversificação e Proteção Patrimonial
A diversificação representa um dos pilares fundamentais da gestão de riscos corporativos. Para PMEs, que frequentemente concentram seus recursos em ativos operacionais específicos de seu setor de atuação, o investimento no mercado financeiro oferece uma oportunidade única de reduzir a correlação entre diferentes fontes de risco e retorno.
A proteção patrimonial através de investimentos financeiros vai além da simples preservação de capital. Em um ambiente econômico volátil, onde choques setoriais podem impactar significativamente empresas concentradas em nichos específicos, a manutenção de uma carteira diversificada de investimentos financeiros funciona como um "colchão de segurança" que pode sustentar operações durante períodos de dificuldade ou financiar oportunidades de crescimento quando elas surgem.
A diversificação geográfica, facilitada pelo acesso a ativos estrangeiros via BDRs (Brazilian Depositary Receipts) e contas internacionais, permite que PMEs brasileiras reduzam sua exposição exclusiva ao risco-país e aproveitem oportunidades em mercados mais maduros e estáveis [5][6]. Esta estratégia é particularmente relevante em um contexto de incertezas políticas e fiscais domésticas, onde a diversificação internacional pode oferecer proteção adicional contra riscos sistêmicos locais.
2. Otimização de Retornos em Ambiente de Juros Altos
A atual conjuntura de juros elevados no Brasil cria uma oportunidade excepcional para PMEs otimizarem retornos sobre recursos excedentes. Com a Selic em 15% ao ano, investimentos em títulos públicos e debêntures oferecem retornos reais significativos, especialmente quando comparados aos custos de oportunidade de manter recursos em aplicações tradicionais de baixa remuneração [7][8].
Esta oportunidade é particularmente relevante para empresas com sazonalidade em seus fluxos de caixa ou aquelas que mantêm reservas para investimentos futuros. Ao invés de manter estes recursos "parados" em contas correntes, a aplicação estratégica em instrumentos de renda fixa pode gerar receitas financeiras substanciais que contribuem diretamente para a rentabilidade corporativa.
A gestão ativa de tesouraria, através de investimentos em produtos financeiros adequados ao perfil de risco e liquidez da empresa, pode transformar o que tradicionalmente era visto como um "mal necessário" - a manutenção de reservas de caixa - em uma fonte adicional de receita e valor para os acionistas.
3. Alternativa Estratégica ao Crédito Bancário Tradicional
O ambiente de juros altos não apenas oferece oportunidades de investimento, mas também encarece significativamente o custo do crédito bancário tradicional. Esta realidade força PMEs a buscar alternativas mais eficientes para financiamento de capital de giro e investimentos, onde o mercado de capitais emerge como uma opção cada vez mais atrativa [9].
O regime FÁCIL da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) representa uma inovação regulatória significativa que facilita o acesso de PMEs ao mercado de capitais. Este regime simplificado permite captação de recursos até R$ 300 milhões com custos regulatórios reduzidos, sem necessidade de registro formal na CVM e sem coordenador líder, democratizando o acesso ao mercado de capitais para empresas de menor porte [10].
Esta alternativa ao crédito bancário tradicional não apenas oferece potencial para custos de financiamento mais baixos, mas também introduz PMEs ao ecossistema do mercado de capitais, criando oportunidades futuras para captação de recursos através de instrumentos mais sofisticados como debêntures, fundos de investimento em direitos creditórios (FIDCs) e até mesmo ofertas públicas de ações.
4. Melhoria da Governança Corporativa e Competitividade
O acesso ao mercado de capitais, mesmo em níveis básicos através do regime FÁCIL, estimula a adoção de práticas de governança corporativa que podem melhorar significativamente a transparência, reputação e acesso a linhas de crédito e parcerias estratégicas [11]. Esta melhoria na governança não é apenas um requisito regulatório, mas uma vantagem competitiva que pode diferenciar PMEs em mercados cada vez mais competitivos.
A implementação de práticas de governança corporativa, incluindo controles internos mais rigorosos, relatórios financeiros padronizados e processos de tomada de decisão mais estruturados, cria valor que transcende os benefícios imediatos do acesso ao mercado de capitais. Estas práticas melhoram a eficiência operacional, reduzem riscos de compliance e aumentam a atratividade da empresa para investidores, parceiros e até mesmo potenciais compradores.
A reputação corporativa aprimorada através de melhores práticas de governança também facilita negociações com fornecedores, clientes e instituições financeiras, criando um círculo virtuoso onde investimentos em governança geram retornos através de múltiplos canais.
Estratégias de Investimento Adequadas para PMEs
Renda Fixa: A Base da Carteira Corporativa
Em um ambiente de juros altos, investimentos em renda fixa representam a base natural para carteiras corporativas de PMEs. Títulos públicos federais, como Tesouro Selic e Tesouro IPCA+, oferecem segurança máxima combinada com retornos atrativos, sendo ideais para reservas de emergência e recursos com necessidade de liquidez a curto prazo.
Debêntures de empresas sólidas e bem avaliadas oferecem oportunidades de retornos superiores aos títulos públicos, embora com risco de crédito adicional. Para PMEs com maior tolerância ao risco e horizontes de investimento mais longos, debêntures podem representar uma excelente oportunidade de otimização de retornos, especialmente quando consideramos os benefícios fiscais associados a debêntures incentivadas.
Certificados de Depósito Bancário (CDBs) de bancos de primeira linha oferecem uma alternativa interessante, especialmente aqueles com remuneração atrelada ao CDI e prazos compatíveis com as necessidades de liquidez da empresa. A proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) até R$ 250 mil por CPF/CNPJ e por instituição financeira adiciona uma camada extra de segurança para investimentos de menor porte.
Diversificação Internacional: Reduzindo o Risco-País
A diversificação internacional, facilitada pelo acesso a BDRs e contas no exterior, permite que PMEs brasileiras reduzam sua exposição exclusiva ao risco-país e aproveitem oportunidades em mercados mais maduros e estáveis. Esta estratégia é particularmente relevante para empresas que operam em setores com correlação internacional ou que possuem receitas em moeda estrangeira.
BDRs de empresas americanas e europeias oferecem exposição a mercados desenvolvidos sem a complexidade operacional de manter contas no exterior. Estas aplicações podem servir tanto como hedge cambial quanto como diversificação setorial, especialmente para PMEs que operam em setores com pouca representação no mercado brasileiro.
A alocação em ativos internacionais deve ser cuidadosamente calibrada considerando a exposição cambial da empresa e seus objetivos estratégicos. Para empresas com receitas predominantemente em reais, uma alocação internacional modesta (5-15% da carteira) pode oferecer benefícios de diversificação sem criar exposição cambial excessiva.
Instrumentos de Sustentabilidade: Alinhando Valores e Retornos
Debêntures ligadas à sustentabilidade (sustainability-linked bonds) representam uma categoria crescente de investimentos que permite às PMEs alinhar seus investimentos financeiros com valores corporativos relacionados à responsabilidade social e ambiental [12]. Estes instrumentos frequentemente oferecem condições atrativas de retorno enquanto contribuem para objetivos de sustentabilidade.
O mercado de títulos verdes e sustentáveis no Brasil tem crescido significativamente, oferecendo oportunidades para PMEs que desejam demonstrar compromisso com práticas ESG (Environmental, Social and Governance) através de suas decisões de investimento. Esta abordagem pode ser particularmente valiosa para empresas que atendem clientes ou operam em setores onde práticas sustentáveis são valorizadas.
Investimentos em fundos de investimento com foco em sustentabilidade oferecem diversificação adicional enquanto mantêm o alinhamento com valores corporativos. Estes fundos frequentemente aplicam critérios rigorosos de seleção de ativos, potencialmente oferecendo proteção adicional contra riscos ESG que podem impactar retornos a longo prazo.
O Papel Fundamental da Assessoria Especializada
Navegando a Complexidade do Mercado Financeiro
O mercado financeiro brasileiro oferece uma ampla gama de produtos e estratégias de investimento, cada um com características específicas de risco, retorno, liquidez e tributação. Para diretores financeiros de PMEs, que frequentemente possuem responsabilidades operacionais extensas além da gestão financeira, a navegação eficiente neste universo complexo requer expertise especializada e dedicação de tempo que pode não estar disponível internamente.
Uma assessoria de investimentos qualificada oferece não apenas conhecimento técnico sobre produtos financeiros, mas também compreensão profunda das necessidades específicas de PMEs e como diferentes estratégias de investimento podem ser integradas aos objetivos corporativos mais amplos. Esta expertise é particularmente valiosa em um ambiente econômico volátil, onde decisões de timing e alocação podem ter impactos significativos sobre retornos.
A assessoria especializada também oferece monitoramento contínuo de carteiras e ajustes táticos baseados em mudanças nas condições de mercado, regulamentações ou necessidades corporativas. Este acompanhamento ativo é essencial para maximizar retornos e minimizar riscos, especialmente em períodos de alta volatilidade como o atual.
Gestão de Riscos e Compliance
O investimento no mercado financeiro por pessoas jurídicas envolve considerações específicas de compliance, tributação e gestão de riscos que diferem significativamente dos investimentos de pessoas físicas. Assessores especializados em investimentos corporativos possuem conhecimento detalhado destas nuances e podem estruturar estratégias que otimizam retornos após impostos enquanto mantêm conformidade com todas as regulamentações aplicáveis.
A gestão de riscos corporativos requer uma abordagem holística que considera não apenas os riscos inerentes aos investimentos financeiros, mas também como estes riscos interagem com os riscos operacionais da empresa. Uma assessoria qualificada pode desenvolver estratégias de investimento que complementam, ao invés de amplificar, os riscos já presentes no negócio principal da empresa.
O compliance regulatório é uma consideração crítica, especialmente para PMEs que podem não possuir departamentos jurídicos ou de compliance robustos. Assessores especializados mantêm-se atualizados com mudanças regulamentares e podem garantir que estratégias de investimento permaneçam em conformidade com todas as exigências legais e regulamentares aplicáveis.
Otimização Tributária e Estruturação Eficiente
A tributação de investimentos corporativos no Brasil é complexa e varia significativamente dependendo do tipo de investimento, prazo de aplicação e estrutura societária da empresa. Uma assessoria especializada pode identificar oportunidades de otimização tributária legítima que podem impactar significativamente os retornos líquidos dos investimentos.
Estratégias como a utilização de debêntures incentivadas, que oferecem isenção de imposto de renda para pessoas jurídicas, ou a estruturação adequada de investimentos internacionais para minimizar a incidência de impostos, requerem conhecimento especializado que pode gerar valor substancial para PMEs.
A estruturação eficiente de carteiras também considera aspectos como liquidez, necessidades de fluxo de caixa e objetivos de longo prazo da empresa, criando soluções customizadas que atendem às necessidades específicas de cada PME ao invés de aplicar abordagens genéricas.
Superando Objeções Comuns
"Não Temos Recursos Suficientes para Investir"
Uma objeção comum de diretores financeiros de PMEs é a percepção de que não possuem recursos suficientes para justificar investimentos no mercado financeiro. Esta percepção frequentemente baseia-se em conceitos desatualizados sobre valores mínimos de investimento ou complexidade operacional.
A realidade do mercado financeiro brasileiro atual é que existem produtos adequados para praticamente qualquer nível de recursos, desde aplicações em títulos públicos com valores mínimos de algumas centenas de reais até estruturas mais sofisticadas para empresas com recursos mais substanciais. O importante não é o valor absoluto dos recursos disponíveis, mas a otimização dos retornos sobre qualquer valor que possa ser aplicado sem comprometer as necessidades operacionais da empresa.
Além disso, a implementação de uma estratégia de investimentos pode começar de forma gradual, com alocações pequenas que permitem à empresa e seus gestores desenvolver familiaridade e confiança com o processo antes de expandir os investimentos. Esta abordagem incremental reduz riscos e permite aprendizado prático sem exposição excessiva.
"É Muito Arriscado para Nossa Empresa"
A percepção de risco excessivo frequentemente baseia-se em mal-entendidos sobre a natureza dos investimentos financeiros ou experiências negativas de terceiros em contextos diferentes. Uma abordagem profissional à gestão de investimentos corporativos enfatiza a gestão de riscos como prioridade fundamental, utilizando diversificação, análise cuidadosa de produtos e monitoramento contínuo para minimizar exposições indesejadas.
É importante reconhecer que não investir também representa um risco - o risco de oportunidade perdida e erosão inflacionária. Em um ambiente de juros altos, o "risco" de manter recursos em aplicações de baixa remuneração pode ser maior que o risco de investimentos bem estruturados em produtos adequados ao perfil da empresa.
A gestão profissional de riscos inclui a seleção cuidadosa de produtos adequados ao perfil de risco da empresa, diversificação apropriada e estabelecimento de limites claros de exposição. Estas práticas podem resultar em carteiras que oferecem retornos superiores com riscos controlados e adequados aos objetivos corporativos.
"Não Temos Tempo ou Conhecimento Interno"
A falta de tempo e conhecimento interno é uma preocupação legítima para muitas PMEs, onde gestores frequentemente acumulam múltiplas responsabilidades e podem não possuir expertise específica em investimentos financeiros. Esta limitação, entretanto, reforça a importância de buscar assessoria especializada ao invés de evitar investimentos completamente.
Uma assessoria qualificada assume a responsabilidade pelo monitoramento diário de carteiras, análise de oportunidades e execução de estratégias, liberando gestores internos para focar em suas competências principais enquanto ainda se beneficiam de retornos otimizados sobre recursos corporativos.
O investimento em assessoria especializada deve ser visto como um investimento em capacidade organizacional que pode gerar retornos que excedem significativamente seus custos. Além disso, o trabalho com assessores qualificados pode resultar em transferência de conhecimento que melhora a sofisticação financeira geral da organização.
Implementação Prática: Primeiros Passos
Avaliação da Situação Financeira Atual
O primeiro passo para implementar uma estratégia de investimentos corporativos é uma avaliação abrangente da situação financeira atual da empresa. Esta avaliação deve incluir análise de fluxos de caixa históricos e projetados, identificação de recursos excedentes disponíveis para investimento, e compreensão das necessidades de liquidez a curto, médio e longo prazo.
A análise de fluxos de caixa deve considerar sazonalidades, ciclos de negócio e necessidades de capital de giro para identificar recursos que podem ser aplicados sem comprometer operações. É importante estabelecer reservas adequadas para emergências e necessidades operacionais imprevistas antes de considerar investimentos de prazo mais longo.
A avaliação também deve incluir análise da estrutura de capital atual da empresa, incluindo endividamento, custos de capital e oportunidades de otimização da estrutura financeira através de investimentos estratégicos.
Definição de Objetivos e Perfil de Risco
A definição clara de objetivos de investimento é fundamental para o sucesso de qualquer estratégia. Estes objetivos devem ser específicos, mensuráveis e alinhados com os objetivos estratégicos mais amplos da empresa. Exemplos podem incluir preservação de capital com retornos superiores à inflação, geração de receita financeira para suplementar receitas operacionais, ou acumulação de recursos para investimentos futuros específicos.
O perfil de risco da empresa deve ser estabelecido considerando não apenas a tolerância dos gestores ao risco, mas também a capacidade financeira da empresa de absorver potenciais perdas sem impactar operações. Este perfil deve considerar a correlação entre investimentos financeiros e riscos operacionais existentes, buscando diversificação ao invés de concentração de riscos.
A definição de horizontes de investimento apropriados para diferentes parcelas dos recursos disponíveis permite otimização de retornos através de produtos com características de prazo e liquidez adequadas a cada necessidade específica.
Seleção de Assessoria Especializada
A seleção de assessoria especializada é uma decisão crítica que pode determinar o sucesso ou fracasso da estratégia de investimentos. Critérios importantes incluem experiência específica com investimentos corporativos, conhecimento do setor de atuação da empresa, histórico de performance, estrutura de custos transparente e alinhamento de interesses.
É importante buscar assessores que compreendam as necessidades específicas de PMEs e possam oferecer soluções customizadas ao invés de abordagens genéricas. A capacidade de comunicação clara e educação contínua também são importantes, especialmente para empresas que estão iniciando sua jornada no mercado financeiro.
A estrutura de remuneração da assessoria deve ser transparente e alinhada com os interesses da empresa. Modelos baseados em performance ou taxa de administração sobre patrimônio gerido frequentemente oferecem melhor alinhamento que estruturas baseadas apenas em comissões de produtos.
Implementação Gradual e Monitoramento
A implementação de uma estratégia de investimentos deve ser gradual, permitindo que a empresa e seus gestores desenvolvam familiaridade e confiança com o processo. Começar com alocações menores em produtos mais conservadores permite aprendizado prático sem exposição excessiva.
O estabelecimento de processos de monitoramento e reporting regulares é essencial para acompanhar performance, identificar oportunidades de otimização e fazer ajustes conforme necessário. Estes processos devem incluir revisões periódicas de objetivos, performance e adequação da estratégia às necessidades em evolução da empresa.
A documentação adequada de decisões de investimento, rationale e resultados cria um histórico valioso que pode informar decisões futuras e demonstrar governança adequada para stakeholders internos e externos.
Conclusão: O Imperativo Estratégico dos Investimentos Corporativos
Em um ambiente econômico caracterizado por juros altos, incertezas políticas e custos crescentes de crédito tradicional, o investimento no mercado financeiro deixou de ser uma opção para PMEs brasileiras e tornou-se um imperativo estratégico. A questão não é mais se investir, mas como fazê-lo de forma inteligente, estruturada e alinhada aos objetivos corporativos.
As oportunidades apresentadas pelo atual cenário econômico - incluindo retornos atrativos em renda fixa, facilidades regulamentares como o regime FÁCIL da CVM, e necessidade de alternativas ao crédito bancário caro - criam uma janela única para PMEs que agem de forma proativa e bem assessorada.
O sucesso nesta empreitada requer mais que boa vontade ou recursos financeiros. Exige expertise especializada, compreensão profunda dos produtos e riscos envolvidos, e implementação disciplinada de estratégias adequadas ao perfil e objetivos específicos de cada empresa. Para diretores financeiros que reconhecem esta realidade e buscam parceiros qualificados para navegar este universo complexo, as recompensas podem ser substanciais e duradouras.
A gestão financeira corporativa moderna exige uma abordagem holística que integra operações, financiamento e investimentos em uma estratégia coerente de criação de valor. PMEs que dominam esta integração não apenas sobrevivem em ambientes econômicos desafiadores, mas prosperam e constroem vantagens competitivas sustentáveis.
O momento para ação é agora. Em um ambiente de rápidas mudanças econômicas e oportunidades transitórias, a procrastinação representa não apenas oportunidade perdida, mas potencial deterioração da posição competitiva. Para líderes empresariais que compreendem esta realidade e estão dispostos a investir na sofisticação de suas práticas de gestão financeira, o futuro oferece possibilidades extraordinárias de crescimento e prosperidade.
Referências
[1] InfoMoney. Investir no Exterior. Disponível em: https://www.infomoney.com.br/guias/investir-no-exterior/
[2] G1. Copom eleva taxa de juros para 14,75% ao ano, maior patamar em quase 20 anos. Disponível em: https://g1.globo.com/economia/noticia/2025/05/07/copom-eleva-taxa-de-juros-para-1475percent-ao-ano-maior-patamar-em-quase-20-anos.ghtml
[3] Agência Brasil. Copom mantém juros básicos da economia em 15% ao ano. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2025-07/copom-mantem-juros-basicos-da-economia-em-15-ao-ano
[4] Convexa Investimentos. Como PMEs podem se blindar das flutuações do mercado financeiro. Disponível em: https://www.convexainvestimentos.com/como-pmes-podem-blindar-flutuacoes-mercado-financeiro/
[5] XP Investimentos. Top 10 ações internacionais BDRs XP: uma janela para o mundo. Disponível em: https://conteudos.xpi.com.br/internacional/carteiras/top-10-acoes-internacionais-bdrs-xp-uma-janela-para-o-mundo/
[6] XP Investimentos. O que é offshore: saiba as opções para acessar investimentos no exterior. Disponível em: https://conteudos.xpi.com.br/aprenda-a-investir/relatorios/o-que-e-offshore-saiba-as-opcoes-para-acessar-investimentos-no-exterior/
[7] G1. Brasil sobe para 2º no ranking de maiores juros reais do mundo após nova alta da Selic. Disponível em: https://g1.globo.com/economia/noticia/2025/06/18/brasil-sobe-para-2o-no-ranking-de-maiores-juros-reais-do-mundo-apos-nova-alta-da-selic-veja-lista.ghtml
[9] Bee4. PMEs: entenda como movimentam a economia. Disponível em: https://bee4.com.br/blog/pmes-entenda-como-movimentam-a-economia/
[10] MZ Group. O Sistema FÁCIL da CVM: facilitação do acesso ao mercado de capitais para pequenas e médias empresas. Disponível em: https://site-mzgroup.com.br/estudos-e-artigos/o-sistema-facil-da-cvm-facilitacao-do-acesso-ao-mercado-de-capitais-para-pequenas-e-medias-empresas/
[12] FiBraS. Mercado de Finanças Sustentáveis 2022. Disponível em: https://labinovacaofinanceira.com/wp-content/uploads/2022/03/FiBraS-Mercado-FinSustentaveis_2022.pdf